domingo, 20 de março de 2011

Chevrolet Malibu x Ford Fusion x Hyundai Azera

Com o vento da economia soprando a favor, viajar de classe executiva fica mais próximo dos clientes de sedãs médios

Chevrolet Malibu x Ford Fusion x Hyundai Azera
 
Atire uma pedra no lago e aprecie as ondas concêntricas em movimento. Agora olhe os números do nosso mercado de carros e imagine os círculos virtuosos: assim como os carros populares se tornam cada vez mais acessíveis a quem nunca pôde ter o seu, também os segmentos superiores se beneficiam da sucessão de ondas prósperas que banham nossa economia. E a praia dos sedãs grandes, acima de Toyota Corolla e Honda Civic, é uma das que prometem temperatura alta neste ano. O primeiro movimento foi feito pela GM, com a importação do Chevrolet Malibu, sedã maior e mais sofisticado que o Vectra nacional. Até outubro, a Hyundai deve lançar o Sonata e depois a Kia traz o Cadenza. Neste comparativo, reunimos a novidade, Malibu, com dois veteranos, Ford Fusion e Hyundai Azera, se é que se pode designar assim representantes de um segmento que até pouco tempo atrás nem existia no país. Se você faz parte da classe emergente dos sedãs médios, fique atento.

Os carros aqui reunidos representam propostas de três escolas diferentes. Fusion e Malibu são projetos americanos, o primeiro “hecho en México”, o segundo “fabriqué au Canada”, mas com estilos bem diferentes. O Fusion é mais esportivo. Seu design tem um visual agressivo, conseguido por cortes oblíquos nas formas da grade dianteira e das lanternas traseiras. Internamente, a esportividade aparece nas superfícies metalizadas, no painel, e nos bancos de couro, com costuras de linha branca.

O Malibu, por sua vez, demonstra uma forte inclinação para o estilo retrô, mostrando referências aos Chevrolet dos anos 50 e 60, com maior influência do esportivo Corvette, tanto por fora, em detalhes como o desenho das lanternas traseiras, como por dentro, no painel formando dois nichos (motorista e passageiro) bem definidos.

O Azera “guksan” (em coreano, produto nacional) prima pela discrição. Ao contrário do Sonata, cheio de vincos e volumes, o Azera parece concebido para não chamar atenção. Sua grade dianteira é comum e falta ousadia aos faróis. No entanto, dois detalhes o absolvem da acusação de falta de personalidade: a linha que desenha os para-lamas traseiros e o painel com desenho clássico.

Os três sedãs se revezam na apresentação das qualidades. O Azera, por exemplo, se diferencia por ser o único a trazer repetidores de pisca nos retrovisores e volante com ajustes elétricos, um recurso que muito sedã de luxo não tem. No Fusion, a exclusividade fica por conta da chave completa (com controle remoto para abertura de portas) e da paleta com sete opções de cores para iluminação do painel. E só o Malibu tem os limpadores do para-brisa do tipo flat blade, rodas aro 18 e alto-falantes Bose.

Os projetistas coreanos tiveram mais cuidado na seleção dos materiais de acabamento. No Azera, as peças têm melhor aparência e são mais agradáveis ao toque. No Chevrolet houve mistura de materiais. Na parte superior do painel, por exemplo, a superfície é macia. Mas o console é de plástico áspero. Como aspectos positivos, no Malibu vale destacar o bom efeito do filete que imita madeira e se estende do painel até as portas e os botões emborrachados do sistema de som. No Ford, predomina o plástico duro que some apenas no compartimento dos instrumentos e no alto das laterais das portas revestidas com o mesmo couro (sintético) dos bancos.

O espaço interno é maior no Malibu (veja as dimensões nas fichas técnicas). Mas o Azera é muito mais atencioso com quem viaja no banco de trás. Ele é o único a ter saídas de ar-condicionado voltadas para a região traseira da cabine. O Malibu vem com uma exclusiva tomada de 110 V, ao lado da de 12 V, mas não oferece mais nada aos passageiros de trás, nem o descansa-braço entre os assentos, como existe nos demais. E o Fusion é o pior. Sem ar-condicionado e sem tomadas na segunda fila.

A Ford também economizou no acabamento do compartimento do motor. Na dianteira, o Fusion é o único que não possui uma tampa para esconder cabos e mangueiras e também só ele obriga o motorista a levantar o pesado capô com as mãos. Os outros dois têm os motores com tampas estilizadas e não exigem esforço algum para abrir e fechar o capô, sustentado por amortecedores. No portamalas, o carpete do Azera é de melhor qualidade em comparação com o dos rivais. Mas a GM providenciou um tapete sobreposto ao carpete que disfarça bem esse ponto fraco no Malibu.

Dinamicamente, os três apresentam receitas que combinam conforto e dirigibilidade em doses equilibradas, embora em porções diferenciadas. Condizente com seu visual, o Fusion é o dono da direção mais pesada e da suspensão mais firme. Ele permite um modo de direção com mais atitude por parte do motorista. O Malibu tem a direção um pouco lenta, o que convida o motorista a relaxar e conduzir no mesmo ritmo. Mas sua suspensão consegue um bom compromisso entre suavidade e estabilidade. O melhor conjunto fica com o Azera, que esquece a timidez revelada no design para apresentar respostas eficientes mesmo tendo a direção leve e a suspensão macia. No dia a dia, o motorista se sente a bordo de um carro confortável, mas ao mesmo tempo rápido, que transmite confiança nas manobras.

O Azera também demonstrou superioridade no conjunto mecânico. Seu motor 3.0 V6 de 245 cv é bem mais forte que o 2.5 de 173 cv do Fusion e que o 2.4 de 171 cv do Malibu, esses de quatro cilindros. Na transmissão, o Hyundai conta com uma caixa sequencial de cinco marchas, com a opção de trocas manuais, na alavanca. Por sua vez, o Malibu se vale de um sistema sequencial de seis marchas, com trocas no volante, e o Fusion tem um sistema de seis marchas automático convencional.

Na pista de testes, deu a lógica. Ou seja: o Azera disparou na frente. Nas provas de aceleração de 0 a 100 km/h, ficou com o tempo de 8,2 segundos, enquanto o Fusion gastou 10,4 segundos e o Malibu, 10,7 segundos. Nas medições de consumo, também não houve surpresas. Quem andou mais gastou mais. O Hyundai foi para o fim da fila, com as médias de 7,4 km/l na cidade e 11 km/l na estrada, contra 8 e 12,6 km/l conseguidas pelo Chevrolet, respectivamente. A dianteira ficou com o Ford, com 9,1 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada.

O Malibu conseguiu ser o primeiro nas provas de frenagem. Vindo a 80 km/h, ele precisou de exatamente 25 metros para parar, sendo seguido pelo Azera, com a distância de 25,8 metros e, por último, pelo Fusion, que percorreu 28,3 metros até a parada. Todos têm ABS. O Malibu é o único que dispõe de discos ventilados nas quatro rodas. Os outros têm discos ventilados na frente e sólidos atrás.

Em relação aos equipamentos, os sedãs são bem servidos. Todos têm ar-condicionado, airbags, ESP e piloto automático, entre outros itens. O Malibu vem com um pacote fechado, portanto, tudo o que se vê nas fotos é de série. O Fusion tem apenas o teto solar como opcional. E o Azera dispõe de uma lista de recursos complementares. A versão apresentada aqui traz todos: teto solar elétrico, faróis de xenônio, sistema de som Infinity e bancos elétricos com memórias. Com exceção do Fusion, que é apresentado em duas versões –2.5 SEL e 3.0 V6 SEL –, os demais têm apenas uma configuração.

Aqui, optamos pela versão de quatro cilindros do Fusion, por esta ter o preço mais interessante. O Fusion 2.5 SEL custa 80 920 reais, enquanto o 3.0 V6 SEL sai por 99 900 reais. O Azera tem preço sugerido de 90 000 reais, na versão básica. E o Malibu sai por 89 900 reais. Em maio do ano passado, nós fizemos um teste comparativo entre o Azera e o Fusion V6, em que houve maior equilíbrio entre os dois na pista, mas o Ford ficou em desvantagem no preço. No que diz respeito ao pósvenda, a Hyundai tem a seu favor a bandeira da garantia longa, de cinco anos, enquanto a Ford oferece três anos e a GM, apenas um. Em compensação, as rivais acenam com redes de assistência maiores e peças com preços menores. Fizemos uma rápida pesquisa com proprietários de Azera e de Fusion (o Malibu ainda é muito novo no mercado) e descobrimos que os moradores de São Paulo (capital) estão satisfeitos com o atendimento e com os serviços das autorizadas Hyundai e Ford. Mas no interior de São Paulo e em outros estados houve queixas contra as duas marcas quanto à qualidade dos serviços prestados.

No fim do comparativo, a conclusão é que qualquer um dos três modelos tem todas as condições de contentar o consumidor exigente que parte de um sedã médio como Corolla ou Civic. O upgrade é considerável. O comprador pode optar por um deles levando em conta apenas o gosto pessoal, sem medo de se arrepender. Isso mostra que o amadurecimento do mercado não se dá apenas em número de opções, mas também na qualidade dos produtos. Racionalmente, porém, analisando preço, acabamento, quantidade de equipamentos e desempenho, o Azera oferece mais vantagens, seguido pelo Fusion e este pelo Malibu.




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MALIBU

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção é um pouco lenta. Já os freios se mostraram eficientes. E a suspensão tem bom compromisso entre conforto e estabilidade.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
Tem trocas no volante, mas as relações de marcha são longas. Seu consumo foi maior que o do Fusion, de quatro cilindros.
★★★

CARROCERIA
O design é bonito, com atenção nos mínimos detalhes, e o acabamento é superior ao do Fusion.
★★★

VIDA A BORDO
O Malibu é espaçoso, bem equipado e silencioso ao rodar.
★★★★

SEGURANÇA
Tem ABS, controle de tração, ESP e seis airbags.
★★★★

SEU BOLSO
Custa tanto quanto o Azera, é menos equipado e tem motor V6. Sua garantia é de um ano apenas.
★★★






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FUSION

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Seus freios perdem em eficiência para os dos rivais. Direção e suspensão têm calibragens ligeiramente mais rígidas.
★★★

MOTOR E CÂMBIO
O motor tem fôlego. O Fusion foi o mais econômico do teste, mas o câmbio não vai além do convencional.
★★★★

CARROCERIA
O último face-lift deixou o Fusion mais esportivo e chamativo, apesar de os projetistas terem abusado do plástico.
★★★

VIDA A BORDO
Ele tem ar-condicionado dual-zone e volante multifuncional. Mas é desatento com quem viaja no banco traseiro.
★★★

SEGURANÇA
Vem com ABS, controle de tração e ESP e seis airbags.
★★★★

SEU BOLSO
Ele não é tão bem equipado como o Azera, mas custa menos. Tem três anos de garantia.
★★★★






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AZERA

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção é leve e a suspensão é macia, porém estável. E os freios param com segurança.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
Além de ser maior e mais potente que o dos rivais, o motor trabalha em harmonia com o câmbio, sem ruídos e vibrações, com respostas rápidas.
★★★★

CARROCERIA
O estilo é muito conservador, mas o interior clássico agrada. O acabamento tem qualidade superior.
★★★★

VIDA A BORDO
O volante tem ajuste elétrico, assim como os bancos. Quem viaja atrás tem porta-revistas, tomada 12 V e saídas de ar-condicionado.
★★★★

SEGURANÇA
Tem ABS, controle de tração, ESP e seis airbags.
★★★★

SEU BOLSO
Ele custa mais que o Fusion, mas oferece melhor custo-benefício. Sua manutenção é mais cara. A garantia é de cinco anos.
★★★★






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VEREDICTO

Qualquer um dos três modelos tem tudo para agradar quem procura um sedã grande de luxo (não de alto luxo), com espaço, conforto e bem equipado. A escolha pode ser guiada por simpatia à marca. Mas o Azera oferece mais desempenho e conforto e melhor relação custo-benefício. O Fusion é uma boa segunda opção pelo preço mais em conta. E o Malibu fica em terceiro.






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