sexta-feira, 11 de março de 2011

Peugeot 3008 Griffe

Peugeot 3008 Griffe
Desde a chegada do 206, em abril de 1999, a Peugeot não apresentava ao mercado brasileiro um modelo que chamasse tanta atenção. E, diferentemente do compacto, que galvanizou olhares pelo estilo, algo em que a marca sempre procurou se esmerar, o 3008 atrai pelo conjunto da obra. O crossover, solução genérica para designar veículos cuja definição ainda está por ser criada, é espaçoso, tem estilo e pacote de equipamento atraentes, além de motor que, a julgar pelos números de teste, que você vai ver mais à frente, tem no rendimento a combinação entre desempenho e consumo, um vistoso cartão de apresentação. A numerologia do preço dá uma importante ajuda extra a essa já favorável conjunção.

A versão de entrada, a Allure, custa 79 900 reais. Isso inclui rodas de liga leve de aro 17, ABS, ESP, oito airbags, freio de mão eletrônico, trio elétrico, ar-condicionado digital de duas zonas, direção eletrohidráulica, sistema de som com MP3 e Bluetooth, computador de bordo e regulagens de altura e distância da direção e do banco do motorista.

A versão Griffe, que ilustra esta reportagem, custa 7 000 reais a mais, ou 86 900 reais. Além do que a Allure traz, ela vem com bancos de couro, sensores de iluminação e de chuva e, principalmente, com o teto de vidro. Todo o restante é detalhe, como as persianas para as janelas traseiras, os bancos dianteiros aquecidos, os retrovisores rebatíveis eletricamente e os tapetes dianteiros e traseiros de série. Inovação presente nas duas versões é o “head-up display”, que projeta a velocidade na altura do para-brisa, evitando que o motorista tenha de tirar os olhos do tráfego. O truque da mágica é uma tela transparente de acrílico que se levanta por trás do painel de instrumentos e recebe a projeção de informações como velocidade e o uso do limitador e do controlador de velocidade. É possível ajustar a altura, a luminosidade e até se o motorista quer ou não usar o sistema, tudo por meio de botões no console central do carro.

Números vistosos
O conteúdo enche os olhos e serve como preparação para a maior atração do 3008, o motor 1.6 turbo. É o mesmo usado no Mini Cooper, com diferenças de calibração. A explicação para dois veículos tão diferentes dividirem a mesma motorização é o acordo entre BMW e Peugeot para motores pequenos. Com projeto conjunto, a produção ficou a cargo da Peugeot, que o fornece ao Mini.

Este 1.6 é mais um representante da nova safra “downsizing”: com deslocamento relativamente pequeno, ele desenvolve potência de gente grande. São 156 cv a 6 000 rpm e 24,5 mkgf – isso a baixos 1 400 rpm, o que torna o 1.6 extraordinariamente elástico, sem a falta de força que costuma caracterizar os pequenos turbinados. Para ajudar, seu câmbio automático de seis marchas tem respostas ágeis.

Com 1 480 kg, o 3008 foi de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos. Tempo de Ford Focus GLX hatch manual com motor 2.0 a gasolina, ou seja, de um veículo menor (4,35 metros, ante 4,37 do Peugeot), que leva menos bagagem (328 contra 512 litros), mais leve (1 338 kg) e com motor maior. As retomadas do crossover da Peugeot também impressionam. Ele levou apenas 4,2 segundos para ir de 40 a 80 km/h, 5,2 segundos para ir de 60 a 100 km/h e 6,6 segundos para ir de 80 a 120 km/h. Andando tão forte, e pesando tanto, seria de esperar que o 3008 freasse mal. Pois poucos carros de proposta familiar param tão bem quanto o modelo da Peugeot. Ele gastou apenas 49,1 metros para frear completamente partindo de 120 km/h. De 80 km/h a 0, foram 24,9 metros. De 60 km/h a 0, o crossover percorreu 13,5 metros.

Virtude dos novos motores de potência concentrada em baixa litragem, o bom desempenho do 3008 é acompanhado por um consumo surpreendentemente baixo. Na cidade, com gasolina (ele não é flex), o Peugeot fez 10,9 km/l. Na estrada, chegou a 15,9 km/l. São números comparáveis aos de veículos com motor 1.0, sem o ônus da falta de força.

Dupla personalidade Do seu lado minivan, o 3008 oferece diversos porta-objetos, uma luminária de porta-malas que vira lanterna, destacável, e bom espaço para quatro passageiros. O que viaja no meio do banco traseiro é considerado eventual, tanto que o miolo do encosto pode ser abaixado, transformando- se em um apoio de braço com porta-copos para os passageiros das laterais. O porta-malas, de 512 litros (656 litros até o teto), conta com uma divisória móvel. Isso porque o porta-malas tem duas tampas: a principal, que suporta a vigia traseira e se abre para cima, e a secundária, que se abre para baixo. A divisória cria um assoalho nivelado com a segunda tampa, deixando a parte de baixo do compartimento para compras menores ou que, por conveniência e segurança, é melhor deixar mais escondidas. Mais para baixo, ela amplia o espaço do compartimento principal.

Do lado crossover, o 3008 tem pneus de uso urbano e tração dianteira, o que desaconselha colocá-lo em pisos difíceis, mas oferece a opção de posição alta de dirigir, estimada por boa parte das motoristas brasileiras, por causa da visibilidade, ou baixa, a preferida por quem gosta de fazer curvas rápidas. Acompanham as preferências o banco com ajuste de altura e o volante, regulável em altura e distância.

Ainda que ande a contento e seja bom de curvas, o 3008 usa um ESP invasivo, que entra em ação em situações inesperadas, nas quais teoricamente não seria necessário, e liga sozinho acima de 50 km/h, mesmo quando é desligado. Detalhes à parte, o 3008 mostra o espaço que a Peugeot pode conquistar por aqui. Basta ter modelos atualizados.

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