sexta-feira, 11 de março de 2011

Audi A1

Audi A1No último Salão do Automóvel, o superesportivo R8 Spyder teve de dividir as atenções e os flashes com o pequeno A1, o carro de entrada da marca. Sonho de consumo possível para um número maior de pessoas, o A1 foi a atração mais importante do estande, segundo a Audi, que iniciou, ali mesmo no Anhembi, um cadastro de potenciais compradores.

O A1 começou a ser oficialmente vendido uma semana depois do Salão, mais precisamente no dia 15 de novembro, com o início das entregas prometido para o fim de fevereiro de 2011. Ele chega em apenas uma versão, equipada com motor 1.4 de 122 cv, câmbio automatizado de sete marchas e pacote de equipamentos completo. Pelo preço básico de 89 900 reais, ele vem com ar-condicionado, airbags, ESP, sistema de som, rodas esportivas e faróis bixenônio. Os bancos são revestidos de tecido. Mas, opcionalmente, o comprador pode equipá-lo com couro, sistema Start/Stop, sensores de estacionamento, de luz e de chuva, piloto automático, teto solar panorâmico e sistema de navegação.

O Audi A1 chega ao Brasil no segmento de compactos premium e alinha no grid com Mini Cooper, Smart ForTwo e Fiat 500. São modelos bem equipados, que têm acabamento de luxo, tecnologia e muito estilo. Não por acaso, eles são chamados de carros de imagem.

Como já se tornou hábito nesse segmento, além dos inúmeros recursos a bordo, o A1 pode também ser personalizado. A Audi disponibiliza dois kits de adesivos para decoração da carroceria e do interior e oferece a possibilidade de escolha de cores contrastantes para o arco do teto (externo) e para as molduras das saídas de ventilação (internas).

Apesar de compacto para um Audi, o A1 não foge ao compromisso com a marca. Por fora, a grade frontal, os faróis com leds e as grandes caixas de roda são traços de família. Por dentro, o volante, o painel e as saídas de ar redondas são sinais típicos. Mas a cabine revela também o parentesco com a VW. O A1 foi desenvolvido a partir da plataforma do novo Polo europeu e, embora tenha uma construção mais refinada que o primo mais acessível, revela sinais de origem. Os instrumentos, por exemplo, ganharam novas molduras, mas são puro VW-Das-Auto. Os comandos de luzes, som e ar-condicionado estão dispostos da mesma forma que no Polo, em razão de o chicote elétrico ser basicamente o mesmo. E o berço da chave no contato é idêntico ao do Polo.

Mas, na hora de dirigir o A1, qualquer referência ao Polo se desvanece. A disposição dos elementos na cabine do Audi é mais relaxada – não tem o compromisso utilitário do Polo, que precisa ser racional e levar cinco pessoas mais bagagem. O A1 mal acomoda quatro ocupantes. Uma pessoa de 1,70 metro de altura até encontra espaço para as pernas, no banco de trás, mas encosta a cabeça no teto. No porta-malas cabem 270 litros. A prioridade da Audi no projeto do A1 foi encantar o motorista e tratar bem o carona. O painel é plano, rebaixado e tem quatro grandes saídas de ar frontais, com grande liberdade de movimento. Os comandos são de fácil manuseio e os bancos apoiam bem o corpo, confortáveis como uma camiseta.

Sob o capô, o motor surpreende. Seguindo o princípio do downsizing, a Audi trocou capacidade cúbica por tecnologia e conseguiu um alto rendimento. Com apenas 1 390 cm³ de deslocamento, esse motor gera 122 cv a 5 000 rpm e 20,4 mkgf de torque entre 1 500 e 4 000 rpm. Isso foi conseguido com a adoção de diversos recursos, como o cabeçote multiválvulas, com duplo comando, o sistema de alimentação forçada via turbo com intercooler e o sistema de injeção direta de combustível. Na prática, o motorista sente o resultado das melhorias já na primeira arrancada. O impulso é arrebatador para um carrinho urbano. Na pista de testes, o A1 acelerou de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos, sendo 0,4 segundo mais rápido que o Mini Cooper, avaliado por nós na versão Chili 1.6 16V com 120 cv e câmbio manual de seis marchas. O A1 é ajudado também pela transmissão robotizada que tem, com embreagem dupla e sete marchas, bem escalonadas.

Tão admirável quanto o desempenho, porém, foi o consumo. No ciclo QUATRO RODAS, o A1 conseguiu as médias de 12,6 km/l na cidade e de 17,2 km/l na estrada, com gasolina. O Cooper obteve 11,2 e 15 km/l, respectivamente. A versão avaliada contava com o sistema Start/Stop, que desliga o motor sempre que o carro para em um semáforo ou no trânsito pesado e dá a partida automaticamente, assim que o motorista alivia o pé do freio. A função dele é economizar combustível e reduzir a emissão de poluentes. Em nossas medições, porém, feitas com o sistema ativado e desativado, não apareceu diferença relevante. Como o nosso ciclo tem poucas e breves paradas, pode ter sido insuficiente para acusar alguma alteração no consumo em decorrência do sistema Start/Stop.

Segundo a fábrica – que não divulga dados de seus testes com o sistema –, é difícil avaliar o benefício do Start/Stop porque ele depende muito das condições de uso do veículo, que são influenciadas pelo trânsito e pelo modo de dirigir do motorista. Rodando com o A1 na cidade de São Paulo, notamos que o sistema trabalha bastante na hora do rush. Mas a frequência de paradas depende de como o motorista pisa no freio. No anda e para do trânsito, onde as velocidades são baixas e as desacelerações, leves, é possível frear o carro sem que o motor desligue – o que é bom, porque a sequência de partidas nessa situação se tornaria incômoda, com o tempo.

A unidade mostrada aqui é uma versão que foi importada pela Audi apenas para demonstração. Ela traz rodas de aro 17, com pneus 215/40 R17, mas a versão vendida no Brasil terá rodas 16 com pneus 215/45 R16, de perfil maior, para deixar o rodar um pouco mais confortável em nossas ruas irregulares. Isso porque a calibragem da suspensão privilegia a esportividade. O A1 tem um comportamento que, guardadas as proporções, lembra o superesportivo R8, que parece andar colado sobre trilhas de velcro. É divertido, mas exige certa disposição para interagir com o piso.

A Audi acredita que o A1 vai cair no gosto do brasileiro, comprador de compactos premium. A empresa estima que ele vai se tornar seu principal produto no Brasil, com uma participação entre 30% e 40% de todo o volume comercializado no país. No primeiro ano, a Audi espera vender mais de 2 000 unidades do modelo, o que representa mais que o dobro das vendas do sedã A4, que atualmente é o best-seller da marca.

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