domingo, 20 de março de 2011

CHEVROLET MONTANA X FIAT STRADA X PEUGEOT HOGGAR X VW SAVEIRO

BONITAS E BEM EQUIPADAS, AS PICAPINHAS ATÉ PEGAM NO PESADO, MAS ESTÃO CADA VEZ MAIS VOLTADAS PARA UM SOCIal


Chevrolet Montana x Fiat Strada x Peugeot Hoggar x Vw Saveiro
Nascidas sob o signo do utilitarismo, as picapinhas, quem diria, estão cada vez mais passeadoras, flertando com o público que troca fácil a área de serviço da caçamba por espaço de lazer. Os últimos lançamentos, com cabines estendidas, adereços aventureiros e boa oferta de equipamentos de conforto, procuram atender esse público jovem, que gosta da imagem de esportividade das picapinhas e de seu rodar amigável, próximo ao de um automóvel. No último ano, a média de lançamentos no segmento de picapes leves foi de nada menos que um a cada dois meses. A Fiat engrossou a lista com o aumento das versões da veterana Strada, com a volta das versões Working e a estreia da Cabine Dupla, além de anunciar a esportiva Sporting, que será a 12a integrante da família. Mas houve também o ingresso da Peugeot no segmento, com a Hoggar, e a renovação da família VW Saveiro, em três versões. A novidade mais recente é a Chevrolet Montana, mostrada no mês passado em duas versões, com a previsão de ganhar uma versão aventureira no começo do ano que vem.

Neste comparativo, alinhamos a Montana Sport com suas rivais, na mesma faixa de preço: Hoggar Escapade, Saveiro Cross e Strada Trekking. À primeira vista, a maior diferença entre as competidoras estava nas motorizações – 1.4, no caso da Montana e da Strada, e 1.6, na Hoggar e na Saveiro. Mas, ao fim do teste, o que sobressaiu foram outras características, como os compromissos de cada projeto com segurança, desempenho, espaço, dirigibilidade e custo-benefício, como você verá a seguir.



4º Peugeot Hoggar Escapade
A Peugeot Hoggar Escapade tem um visual interessante. Pode haver quem não goste da traseira ou, com razão, reclame da quantidade exagerada de ornamentos como frisos, recortes e detalhes. Mas não há como negar que a dianteira do 207 lhe caiu bem, assim como a esportividade do design. Outra característica marcante é seu comportamento típico de automóvel, o que faz a gente se esquecer que está ao volante de uma picape.

Neste comparativo, o esperto motor 1.6 16V e o câmbio bem escalonado garantiram à Hoggar um rendimento acima da média das rivais. Ela foi a mais rápida no teste de aceleração e ficou colada na Montana, a melhor nas medições de consumo. Esse desempenho encontra ainda o respaldo no comportamento esportivo da suspensão fechada, que conversa com o condutor, e da direção leve, mas precisa. Como picape, ela tem ainda outra virtude, que é oferecer a maior caçamba do segmento, com capacidade para 1 151 litros, enquanto na Montana Sport cabem 1 100 litros, a Strada Trekking CE leva 800 e a Saveiro Cross, 734. Apesar das qualidades, no entanto, a Hoggar não conseguiu superar as outras no comparativo.

A Hoggar perdeu terreno em diversos aspectos. Sua ergonomia é ruim. Mas a maior falta está na segurança, uma vez que ela não dispõe de ABS nem como equipamento opcional. Um bom desempenho nos testes de frenagem poderia atenuar essa ausência. No entanto, a Hoggar foi a que precisou de maior espaço para estancar. Vindo a 80 km/h, percorreu 31,5 metros até a parada, enquanto a Saveiro freou em 26,5 metros. Na Montana Sport, o ABS é item de série e nas demais, opcional. Outro ponto negativo são os custos. Ela vem com ar-condicionado, direção hidráulica e rodas de liga leve de série, mas seu preço básico é alto. E, além disso, há os custos de seguro e peças elevados, de acordo com as empresas Nova Feabri (seguros) e Audatex (peças).

Para um usuário de risco moderado, a Hoggar paga cerca de 6,2% de seu valor de seguro, enquanto a Saveiro paga 6% e a Strada, 4,4%. Para a nova Montana, que não tem histórico de sinistro, usamos o Agile como referência, e encontramos a taxa de 2,7%. E, em relação às peças, considerando a cesta básica que incluiu amortecedores, para-choque dianteiro, retrovisor externo, farol, jogo de pastilhas de freio e conjunto de embreagem, a Hoggar fica em 3 138 reais, contra 1 670 reais da VW, 1 955 reais da Fiat e 2 028 reais da Chevrolet.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Comporta-se como um 207. Mas foi mal nas provas de frenagem.
★★★

MOTOR E CÂMBIO O motor esperto e o câmbio bem escalonado garantiram bons resultados na pista.
★★★★

CARROCERIA O estilo é bonito, mas há exagero na ornamentação. Tem a maior caçamba.
★★★★

VIDA A BORDO O acabamento interno é simples, mas de boa qualidade.
★★★

SEGURANÇA Airbag é opcional, mas ABS não está disponível.
★★★

SEU BOLSO O custo de suas peças e de seu seguro supera o das concorrentes.
★★★




3º Fiat Strada Trekking 
A Fiat Strada é a líder de vendas há dez anos e seu sucesso é tanto que tem até desencorajado parte da concorrência. A Ford, por exemplo, desistiu de renovar a Courier (embora ela ainda tenha boa aceitação, vendendo mais que a Hoggar). E a Renault ainda hesita em entrar no segmento. Mas, apesar do bom desempenho no mercado, a Strada é o projeto mais antigo entre as rivais que contam, e nos últimos tempos ela tem sentido os golpes desferidos pelas outras. No fim do ano passado, ela perdeu um comparativo entre sua versão Trekking, a nova Saveiro Trooper e a antiga Montana Conquest. Em abril deste ano, com a Adventure Locker, foi superada pela Saveiro Cross.

Na pista, a Strada ficou para trás nas provas de desempenho, como a de aceleração de 0 a 100 km/h, com o tempo de 14,1 segundos. Com seu motor 1.4, pode-se dizer que isso era esperado no confronto com picapes equipadas como motores 1.6. Mas a Strada comeu poeira da Montana, que também tem motor 1.4, esta com o tempo de 12,8 segundos. Isso porque o motor da Strada gera 86 cv, enquanto o da Montana rende 102 cv, com álcool. O motor 1.4 Fire da Strada é mais fraco que o 1.4 Fire Evo do novo Uno, que tem 88 cv. E, ao contrário de outros modelos da Fiat, a Strada também não recebeu o motor E.torQ 1.6.

Nos testes de consumo urbano e rodoviário, a Strada se manteve na média. Mas, nas frenagens de 80 km/h a 0, superou apenas a Hoggar, parando em 29 metros. Dinamicamente, a Strada Trekking também não agradou em razão da dureza de sua suspensão traseira, que usa eixo rígido com feixes de molas, que pode ser mais robusto para o transporte de cargas, mas absorve menos a irregularidade do piso, quando vazia, no asfalto. A GM resolveu melhor essa missão de ter que se flexibilizar tanto para o trabalho quanto para o lazer, mantendo as molas helicoidais com maior carga nos amortecedores. Tanto assim que a Montana consegue rodar com suavidade e oferecer maior capacidade. Ela suporta 758 kg, enquanto a Strada leva 685 kg, a Saveiro, 661 e a Hoggar, 650.

A Strada já foi melhor também no custo-benefício. Ao preço básico de 39 700 reais, a Strada Trekking Cabine Estendida vem menos equipada que as rivais. Entre os itens de série, os mais importantes são: direção hidráulica, computador de bordo e protetor de caçamba. E, para chegar ao mesmo nível de equipamento que a Montana – com ar-condicionado, ABS, duplo airbag, som e vidros e travas elétricos –, seu preço pula para 45 729 reais.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO A direção é rápida e suave. Mas a suspensão traseira é dura. Não foi bem nas frenagens.
★★★

MOTOR E CÂMBIO O consumo ficou dentro do esperado, mas no desempenho deixou a desejar.
★★★

CARROCERIA O projeto foi atualizado. Tem a segunda maior capacidade de carga.
★★★★

VIDA A BORDO Menos equipada que as rivais, tem cabine espaçosa.
★★★

SEGURANÇA Airbag e ABS são opcionais, ao custo de 2 355 reais.
★★★

SEU BOLSO Básica, é a mais barata, mas suas peças são caras. Para compensar, o seguro está entre os mais baixos.
★★★




2º Chevrolet Montana Sport 
A Chevrolet Montana vai conquistar o consumidor pelo custo-benefício. Na versão Sport, ela é um pouco mais cara que a concorrência – custa 44 040 reais –, mas vem completa. Ela traz como equipamentos de série freios ABS, duplo airbag, piloto automático, faróis de neblina, sensor crepuscular, trio elétrico, ar-condicionado, sistema de som com Bluetooth, rodas de liga leve, computador de bordo, direção hidráulica e protetores de caçamba e de cárter. Ela não tem opcionais. Itens como sensor de estacionamento, estribos laterais e capota marítima são vendidos como acessórios pelas concessionárias.

Essa estratégia é a mesma adotada para o Agile, modelo que serviu de base para o desenvolvimento da Montana e que é o quarto carro mais vendido no segmento de hatches pequenos, segundo a Fenabrave, entidade que reúne os revendedores.

A Montana herdou do Agile não só a plataforma, mas boa parte do que está por cima dela. No interior, a picape é quase uma irmã gêmea do hatch. O painel é o mesmo. Os instrumentos, com iluminação azul, também. Os bancos ganharam nova padronagem, mas sem abandonar as formas e o tecido de revestimento. O espaço lateral é igual. Mas o motorista viaja em uma posição mais alta, com a elevação do assento. Ficou bom. Agora as pernas podem ser esticadas. E a visibilidade foi ampliada. O espaço para os pés não mudou, porém. Ou seja: continua ruim, com os pedais apertados entre a caixa de roda e o túnel da transmissão.

Por fora, quem não gostava do visual do Agile provavelmente também não aprovou a Montana. Isso ficou claro pelas manifestações espontâneas de leitores em nosso site, no mês passado, quando a Montana estreou. Mas de perto ela é simpática. A grande abertura da grade dianteira combinou com a picape, que, além disso, ganhou um para-choque mais encorpado que o do hatch. A tampa da caçamba ficou mais baixa, o que ajudou a melhorar a visibilidade traseira.

Na pista, a Montana demonstrou ter equilíbrio e conforto ao rodar. Sua direção é leve, mas precisa. E a suspensão confortável assegurou um bom nível de estabilidade. No que diz respeito ao desempenho, a Montana apresentou rendimento dentro da média da categoria. Ela ficou em segundo lugar nos ensaios de aceleração e de frenagem e em primeiro nas medições de consumo, com ligeira vantagem em relação à Peugeot.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO A suspensão garante conforto e estabilidade. A direção é leve e os freios cumprem bem seu papel.
★★★

MOTOR E CÂMBIO O conjunto mecânico garantiu desempenho e consumo ligeiramente melhor que o das rivais.
★★★★

CARROCERIA A dianteira do Agile lhe caiu bem e a Montana ficou com visual encorpado.
★★★★

VIDA A BORDO É bem equipada. Mas a posição de dirigir é estranha.
★★★

SEGURANÇA ABS e duplo airbag são itens de série na versão Sport.
★★★★

SEU BOLSO O melhor custo-benefício. Tomando o Agile como referência, suas peças são caras. O seguro, ao contrário, tende a ser camarada.
★★★★




1º VW Saveiro Cross 
Tão equipada quanto a Montana, a VW Saveiro torna-se uma picape cara. Com arcondicionado, ABS, duplo airbag e sistema de som, seu preço básico passa de 42 380 reais a 48 280 reais, contra os 44 040 reais da Montana. Por isso, pelo ponto de vista do custo-benefício, parece difícil justificar o primeiro lugar para ela neste comparativo. Mas sua vitória foi conquistada pelo conjunto e não apenas pelo que custa, assim como a Montana não chegou ao segundo posto só porque vem bem equipada e é oferecida por um preço atraente.

A Saveiro saiu vencedora por ser a picape mais moderna e bem construída. Ela é derivada do Polo, que não é a plataforma mais moderna da VW no mundo, mas é uma das mais novas e é superior às da Montana (derivada do Corsa Classic), da Strada (vinda da Palio Weekend) e da Hoggar (que mistura a dianteira do antigo 206 com a traseira do furgão Partner, um projeto dos anos 90). A engenharia acertou a mão na calibragem da suspensão, dos freios e da direção, o que resultou em um excelente comportamento dinâmico. Seu desempenho na pista de testes foi mediano, com exceção dos bons resultados nos testes de frenagens. Mas a eficiência da suspensão, por exemplo, possibilitou que a picape contornasse as curvas com maior velocidade que rivais que se saíram melhor nas arrancadas em linha reta. A Saveiro fica o tempo todo na mão do motorista. Na pista, seu conjunto firme e equilibrado passou mais confiança ao piloto, que conseguia acelerar mais na entrada e na saída das curvas, por exemplo.

A posição de dirigir, nem tão baixa quanto a da Hoggar nem tão alta quanto a da Montana, também agradou. Por ser mais moderna, a Saveiro apresentou ainda a melhor ergonomia, com os comandos à mão e cada componente – como saídas de ar, sistema de som e comandos do ar-condicionado – em seu devido lugar, sem que um atrapalhe o acesso ao outro.

O acabamento não tem luxo, mas é de bom gosto e as peças são bem confeccionadas e encaixadas. Os bancos de tecido liso, fácil de limpar, têm elásticos, nas laterais. E os frisos ao redor das saídas de ar são pretos. Na versão básica, a Saveiro Cross vem com direção hidráulica, rodas de liga leve, trio elétrico, capota marítima, sensor de estacionamento, preparação para som com quatro alto-falantes e dois tweeters e protetor de caçamba. Seu seguro fica entre os mais caros, mas, em compensação, na cesta básica cotada, suas peças foram as mais baratas.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Foi a melhor nos testes de frenagem. É confortável e tem ótima dirigibilidade.
★★★★★

MOTOR E CÂMBIO O motor é cumpridor, mas poderia ter mais força. Ficou para trás nos testes de desempenho.
★★★

CARROCERIA Visual bonito, moderno e acabamento de qualidade superior.
★★★★★

VIDA A BORDO É dona da melhor ergonomia entre as rivais. Bem acabada.
★★★★

SEGURANÇA ABS e airbags são opcionais, em pacote de 2 030 reais.
★★★

SEU BOLSO Seu seguro é caro, mas as peças foram as mais baratas entre as cotadas. Na versão básica, o preço é competitivo.
★★★




VEREDICTO 
Considerando a relação custobenefício, a Montana é uma tentação. Mas vale a pena pagar um pouco mais para adquirir a Saveiro, que apresenta uma construção mais robusta e dinamicamente bem acertada. A Strada sente o peso da idade.E a Peugeot paga o preço de estrear em um segmento desconhecido. Ela é a única que não dispõe de ABS, nem como item opcional.

» Clique aqui para ver os números do teste 
» Clique aqui para ver os dados técnicos


Nenhum comentário:

Postar um comentário