domingo, 20 de março de 2011

Audi A4 2.0 TFSI x Mercedes C180K x BMW 320i

Tem cliente de carro japonês que esta espichando o olho - e a carteira - na direção destes sedãs alemães de entrada. Você também está nessa?


Audi A4 2.0 TFSI x Mercedes C180K x BMW 320i
Reunidos em suas versões mais acessíveis, Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C brigam para conquistar o olhar, o bolso e a garagem (exatamente nessa ordem) de consumidores que hoje andam de (quem diria?) Honda Civic e Toyota Corolla.

BMW e Mercedes adotaram a estratégia de limar equipamentos para, assim, trabalharem com preços iniciais de 112 500 e 119 300 reais, respectivamente. A Audi, por sua vez, manteve o recheio e a cobertura do seu A4 intocados, o que o deixa mais completo, atraente e caro (134 900 reais). Se tomarmos o ranking de vendas do primeiro semestre de 2010 como um placar, a marca das quatro argolas leva a pior, com o registro de apenas 630 unidades do A4, contra 1368 do 320i e 1541 do Classe C.

Como o automóvel é uma das ferramentas mais eficazes para mostrar ao mundo a ascendência social de seu dono, deixar os japoneses topo de linha de lado rumo ao seleto grupo dos alemães de luxo é algo tentador. Para escolher bem, sugiro, além da leitura deste comparativo, alguns minutos de reflexão sobre o que você espera de um autêntico sedã alemão.



3º BMW 320i

O estilo continua imponente, mas essa geração do BMW Série 3 vai até, no máximo, 2012, segundo a imprensa especializada europeia. Mesmo próximo de uma mexida geral, o 320i não se acanha diante dos rivais. Mas está na simplicidade exagerada o motivo de ter ficado na lanterna do comparativo. Até fãs de carteirinha da marca sentirão falta de requinte. Na versão de entrada, de 112 500 reais, o ar-condicionado é manual. Ar que você seleciona a temperatura e relaxa, igual ao que vem de série nos rivais, só optando pelo 320i Top, de 138 380 reais. O mesmo acontece com Bluetooth, piloto automático e teto solar elétrico. Até a pintura metálica, que nos concorrentes é um opcional sem custo, no BMW tem um preço, 1 500 reais. No acabamento Top, o 320i passa a ter uma pequena vantagem sobre o C 180, mas ainda assim fica inferior ao A4, líder absoluto no que diz respeito a equipamentos.

A estratégia da BMW na configuração das versões é um tanto confusa. Bancos com apoios laterais mais destacados, rodas aro 17 e suspensão rebaixada da divisão esportiva M são de série, enquanto a Top, mais cara, oferece bancos e suspensão convencionais e rodas aro 16. Solicitamos à BMW um exemplar para esta avaliação, mas, como ela não tem o veículo em frota, recorremos à loja Trade Car, de São Caetano do Sul (SP). “O interesse das pessoas é grande. Muitos ficam surpresos ao saber que há um BMW por pouco mais de 100 000 reais”, diz Romano Martins Buffa, sobre a estada do sedã em sua loja. Por telefone, um vendedor da concessionária paulistana Osten confirma a informação de Romano: “Estamos vendendo 320i para quem nunca pensou em ter um BMW”.

Com uma dieta de equipamentos que ceifou até a simples regulagem de altura dos cintos dianteiros, o 320i decepcionou ainda mais na pista. Foi o pior em todas as provas de aceleração e retomada e no consumo só conseguiu vencer o C 180 na simulação de trecho rodoviário (14,8 contra 12,1 km/l). Sem a sobrealimentação do turbo do Audi 2.0 (32,6 mkgf a 1 500 rpm) nem a do compressor do Mercedes 1.6 (23,5 mkgf a 2 800 rpm), o BMW 2.0 aspirado só entrega seus 20,4 mkgf a 3 600 rpm. Na prática, isso significa comprometimento do prazer ao dirigir, que só não é maior por causa do trabalho impecável da suspensão. Nas curvas, o 320i é, de longe, o mais equilibrado.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A suspensão M, da divisão Motorsport, tem excelente comportamento em curva sem comprometer o conforto.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
Os motores pequenos da BMW deverão ser substituídos em breve por outros mais modernos. Enquanto não chegam, o atual 2.0 aspirado mostra falta de fôlego para empurrar o Série 3.
★★★

CARROCERIA
Uma nova geração está em desenvolvimento, mas o 320i continua bonito e com cara de poucos amigos, ideal para quem busca um modelo mais esportivo.
★★★★

VIDA A BORDO
Para ficar no mesmo patamar dos rivais em equipamentos, é preciso partir para a versão Top, muito mais cara.
★★★

SEGURANÇA
Felizmente, a BMW não deixou de fora os equipamentos de segurança. ABS, airbags frontais e laterais e controle de estabilidade são de série.
★★★★

SEU BOLSO
Pelo que oferece e faz, é o mais caro dos três, mas não dá para negar: o valor de tabela mais próximo da casa dos 100 000 reais é uma tentação.
★★★




2º MERCEDES C 180 K CLASSIC

"Quem compra esse tipo de carro dá muito valor para o status que ele proporciona. Não é gente que está atrás apenas de um carro confortável, robusto e confiável”, diz um vendedor de concessionária Mercedes. De fato, assim como o 320i, o C 180 apresenta muita qualidade no acabamento e nos materiais. Mas, também como o BMW, abriu mão de equipamentos básicos para um sedã alemão de luxo. Se o manobrista entregar o carro com o banco do motorista fora da posição, as pessoas na porta do restaurante o verão fazendo o ajuste manualmente. Aí, lá se foram a pose e o status. Pior ainda para o Mercedes – único dos três com lâmpadas halógenas no farol – se o passeio for noturno: todo mundo vai perceber que não tem xenônio.

Dos três modelos confrontados, o C 180 é o que tem a cabine mais clássica. No painel, nada de apliques prateados, como os “esportistas” A4 e 320i. A cor cinza-claro aparece somente nos aros dos mostradores do quadro de instrumentos e dos botões do ar-condicionado, do rádio e dos faróis. Até a tela do sistema de som, no alto do console central, é discreta: há uma tampa basculante para ocultá-la.

É preciso um tempinho para se acostumar com as duas alavancas à esquerda do volante. Como em outros Mercedes, a superior, de corpo fino, liga e regula o piloto automático, enquanto a inferior ativa setas, limpador de para-brisa e farol alto. O freio de estacionamento é acionado por um pequeno pedal à frente do apoio de pé, como em utilitários – a liberação é feita por um manete abaixo do comando das luzes. Isso livrou espaço no console central, entre os bancos. O A4 segue o mesmo estilo, mas o acionamento é elétrico, por uma pequena tecla próxima ao câmbio. No BMW, o freio de estacionamento é convencional, tipo alavanca. Na lista de opcionais há um único e curioso item: sensor de chuva, por 600 reais.

Calçado com rodas aro 16 e pneus de perfil alto (205/55), o C 180 se mostrou mais voltado ao conforto. Mérito compartilhado com a suspensão bem calibrada e de ação progressiva, capaz de unir maciez em baixa velocidade a bom nível de estabilidade sob condução mais radical. Ainda que longe de empolgante, o motor com compressor mecânico é esperto: o que me diz de um 1.6 empurrando um carro de 1 500 kg de 0 a 100 km/h em apenas 9,3 segundos?

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Mirando o conforto, o C 180 é o mais macio dos três. Apesar dos pneus estreitos, também teve bons números nas provas de frenagem.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
Sem o compressor, o quatro-cilindros 1.6 seria absolutamente incompatível com o porte e o peso do Classe C. Em termos de eficiência (relação entre desempenho e consumo), sobra em cima do BMW.
★★★

CARROCERIA
Há uma outra grade frontal, mais clássica, que deixa o C 180 mais sisudo. Faróis e lanternas têm lâmpadas simples, em vez de leds.
★★★★

VIDA A BORDO
Ar-condicionado com ajuste automático e individual na dianteira, teto solar elétrico e viva-voz Bluetooth atendem ao motorista e a seus convidados.
★★★★

SEGURANÇA
Como nos concorrentes, ABS, airbags frontais e laterais e controle de estabilidade são de série. Os faróis de xenônio também poderiam ser.
★★★

SEU BOLSO
Se sua disposição financeira para entrar no seleto clube alemão não passa dos 120 000 reais, fique com o C 180. Anda mais, bebe menos e, à exceção dos faróis de xenônio, é mais rico em equipamentos que o 320i.
★★★★




1º AUDI A4 2.0 TFSI AMBIENTE

Se o A4 é tão bom, por que suas vendas não representam nem a metade da dos rivais? Simples: a Audi está trocando o ranking atual pela manutenção de sua aura de marca premium. Ou seja, a estratégia da Audi vai por um caminho diferente: qualquer modelo que você encontrar no showroom será completo. Essa característica é importante para uma marca que tem como meta superar as vendas das campeãs Mercedes e BMW.

O discurso é forte, mas o fato é que ninguém gosta de ver os competidores com tamanha superioridade em vendas. Talvez por isso a Audi tenha promovido, às vésperas do fechamento desta edição, uma redução de 5 100 reais no A4 de entrada, fazendo o preço cair de 140 000 para 134 900 reais. Calculadora na mão, o Audi com o novo preço é 15 000 reais mais caro que o C 180 e custa 20 900 reais além do 320i – considerando todos com pintura metálica, uma vez que quase não se vende um carro desses com pintura sólida. Agora guarde a calculadora, tome a chave do Audi e entre na pista para entender por que achamos que ele vale cada centavo cobrado a mais.

A suavidade de rodagem impressiona. Enquanto os outros usam câmbio automático convencional (cinco marchas no Mercedes e seis no BMW), o Audi conta com um Multitronic CVT de oito velocidades. E só o A4 tem borboletas no volante. O motor 2.0 TFSI, com turbo e injeção direta de combustível, tem 183 cv e faz seu trabalho com competência e sem escândalo: foi o mais silencioso em todas as medições de ruído. Superioridade absoluta também nas provas de aceleração, retomada e frenagem. O melhor de tudo é saber que a conta não vem no posto: o A4 se mostrou o mais econômico na estrada e bebeu pouco mais que o C 180 na cidade (11,4 ante 11,8 km/l).

O desenho do A4 é jovial. Fica entre o tradicionalismo da Mercedes e a imponência da BMW. Mas uma coisa é fato: é do A4 o olhar mais sedutor. Os leds nos faróis (cumprindo a função de luz diurna) são um convite a manter desligado o farol baixo (de xenônio) e acender apenas os de neblina. Não fosse uma prática proibida, eu só teria andado com ele assim. E pode deixar o manobrista mexer na posição do banco, pois todos os ajustes são elétricos. Se algum dono de C 180 ou 320i estiver na porta do restaurante, vai ficar com inveja – ou fingir que não liga para isso.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO Este foi o item mais equilibrado do comparativo. Nas frenagens, foi o mais comportado, sem tendência a “fugir da mão” do motorista.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
O motor 2.0 TFSI tem 183 cv, contra 156 cv dos rivais. E o câmbio ainda é um CVT de oito marchas, único dos três com opção de troca por borboletas no volante.
★★★★

CARROCERIA
Pode ser mero detalhe, mas os faróis com leds do A4 têm um poder de sedução incrível nas ruas. Para um carro de imagem, isso conta pontos a favor.
★★★★

VIDA A BORDO
Retrovisores externos rebatíveis eletricamente, bancos dianteiros com ajuste elétrico inclusive de distância e freio de estacionamento elétrico com desarme automático. Luxos exclusivos do Audi.
★★★★

SEGURANÇA
Mais que um efeito estético, os leds dos faróis funcionam como eficiente fonte de luz diurna. Freios eficientes, múltiplas bolsas infláveis e controles eletrônicos complementam a segurança.
★★★★

SEU BOLSO
O A4 é a maneira de entrar para o “clube alemão” sem que isso signifique fazer uma série de concessões. É preciso investir um pouco mais, porém o carro tem muito mais a oferecer.
★★★★




VEREDICTO

Se você já se decidiu a não ir além dos 120 000 reais, vá de C 180, que é mais completo, anda mais e bebe menos combustível – pena que a Mercedes esqueceu os faróis de xenônio. Agora, se o orçamento permitir um investimento um pouco mais elástico, fique com o A4, um alemão de luxo genuíno.




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