sexta-feira, 11 de março de 2011

Renault Fluence

Renault Fluence
A Renault apresentou o novo sedã Fluence, no Salão do Automóvel, em novembro, mas só começará a vendê-lo em fevereiro. Até lá, ela cuidará dos últimos preparativos para o lançamento, como treinamento da rede e aprovação da publicidade. Se você é dono de um Honda Civic ou um Toyota Corolla, fique atento: logo poderá receber uma mala-direta e um convite para conhecer o Fluence, na autorizada mais próxima. A Renault cerca o Fluence de todos os cuidados, para que não ocorra com ele o que aconteceu com o antecessor, o Mégane, que teve problemas no início da comercialização e depois passou os dias patinando nas vendas.

O Fluence terá motor 2.0 porque é assim que o consumidor de sedãs médios quer, segundo o diretor de marketing Rodolfo Stopa. “Nesse segmento, o cliente aceita no mínimo um 1.8. Um 1.6, nem pensar”, diz. A garantia será de três anos, as revisões terão preços fechados e haverá assistência 24 horas. “Mas o carro não pode quebrar”, afirma Stopa, tendo como referência os sedãs japoneses, que ganharam fama de inquebráveis em nosso mercado. O Fluence chega em duas versões. A Dynamique virá com câmbio manual de seis marchas e a Privilège, com sistema automático CVT, com a opção das trocas sequenciais, com seis relações fixas. Esse conjunto motor-transmissão, aliás, já é conhecido do consumidor brasileiro, porque é o mesmo do Nissan Sentra, fruto da aliança Renault-Nissan, com os devidos ajustes para a nova aplicação.

O preço do Fluence ainda não foi divulgado, mas, olhando a concorrência (Civic, Corolla, Sentra e Chevrolet Vectra) e o próprio Mégane que saiu de linha (a produção encerrou em setembro e o estoque nas revendas deve acabar este mês), é possível arriscar que ele comece entre 55 000 e 60 000 reais. Mesmo na versão mais simples, o Fluence virá bem equipado. Ele terá seis airbags, direção elétrica, ar-condicionado dual zone, computador de bordo, freios ABS, sistema de som, rodas de alumínio aro 16 e sensores de chuva e de luz, entre outros itens de série. A versão mostrada aqui é a top, Privilège, que deve ficar entre 75 000 e 80 000 reais, e acrescenta bancos de couro (nas laterais dos assentos o revestimento é de tecido), controle de estabilidade ESP, piloto automático, som com efeito surround, rodas de liga aro 17 e navegador GPS.

À primeira vista, o que mais impressiona é seu tamanho. Ele é um sedã médio com porte de sedã grande. Em relação ao Civic, são 13 cm a mais, no comprimento: enquanto o Honda mede 4,49 metros, o Fluence tem 4,62. Na largura, a comparação é de 1,75 metro contra 1,81. O estilo é discreto, como convém a uma marca que não quer errar. Na cabine, houve um pouco mais de ousadia, com a sobreposição de superfícies e a troca de cores e de materiais. O visual continua bem comportado, mas é mais expressivo. Os materiais são de qualidade superior aos do Vectra, por exemplo, mas ficam aquém dos usados no Civic. O acabamento, no que diz respeito a confecção das peças e encaixes, é muito bom – apesar do uso de plástico pintado de prata em pontos, como nos puxadores das portas. Melhor que o da carroceria, que tem vãos com grandes tolerâncias e nem sempre uniformes.

O espaço interno é confortável e arejado. Apesar de ter o mesmo entre-eixos do Civic (2,70 metros), o Fluence é mais largo e mais alto por dentro. É fácil encontrar a posição de dirigir, graças à regulagem do volante e do assento, cuja altura varia até 7 cm no ajuste. A ergonomia também é boa, mas os mostradores são inclinados, o que causa certo estranhamento na leitura. O freio de mão em forma de manche que havia no Mégane foi aposentado em favor de um convencional. A partida ainda é feita por meio de um botão Start/Stop. Mas agora não é preciso encaixar o cartão em uma fenda no painel. Basta deixá-lo no bolso, ou em qualquer outro lugar dentro do carro.

No banco de trás, cabem três pessoas sem sacrifícios. Até nessa posição há circulação do ar-condicionado dividida em duas zonas. E o porta-malas supera o do Corolla em 60 litros – são 530 litros contra 470.

Ao volante, o Fluence mostra um comportamento que satisfaz quem busca conforto acima de tudo. A suspensão filtra com eficiência as irregularidades da pista, apesar de segurar bem a carroceria nas curvas. E a direção é leve, no uso diário. Em alta velocidade, o sistema elétrico progressivo dá um pouco mais de firmeza, mas na cidade o motorista não precisa fazer força. O conjunto é ótimo para quem quer dirigir enquanto aprecia a paisagem. Mas falta emoção, para os que preferem uma condução mais interativa.

No teste, o Fluence apresentou um desempenho muito semelhante ao do Corolla 2.0 XEi automático. Na aceleração, fez o tempo de 10,4 segundos, enquanto o Toyota ficou com 10,6. Em consumo, os dois empataram até a casa decimal no ciclo rodoviário, com a média de 9,1 km/l de álcool. E, no urbano, a diferença foi mínima: 7,0 km/l para o Renault e 6,8 km/l para o Toyota. A maior diferença apareceu na frenagem: vindo a 80 km/h, o Fluence precisou de 23,9 metros, contra os 24,5 metros do rival.

Pelo que vimos, o Fluence terá mais chance de sucesso que o Mégane, porque é um projeto mais moderno e está sendo lançado de maneira mais planejada por uma Renault mais madura em nosso mercado. Até ao fazer uma previsão de vendas ela é cautelosa, estimando 1 800 unidades/mês, o que lhe daria hoje o terceiro posto no segmento, atrás do Corolla, com média de 4 450, e do Civic, com 2 480. O quarto seria o Vectra, com a média de 1 676 unidades.

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