sexta-feira, 11 de março de 2011

Ford F-150 Raptor SVT

Ford F-150 Raptor SVT
A sigla SVT (Special Vehicle Team) identifica os Ford que não vieram a passeio. Com suspensão rebaixada e pneus de perfil baixo, eram animais de pista com autorização para circular pelas ruas. Essa história começou a mudar em 2009, durante o Sema Show, o maior salão de carros especiais do mundo, quando a marca americana apresentou a Raptor SVT, uma versão da F-150 tunada para acelerar dentro e fora do asfalto.

Para saber como anda essa picape com dimensões de caminhão e espírito de esportivo, raptamos a única Raptor de que se tem notícia no Brasil e a levamos para um teste completo em Limeira.

Apaixonado por picapes e SUVs, um empresário de São Paulo percebeu que a Ford não tinha planos de vender a Raptor por aqui. Foi aí que ele buscou uma loja de importados independentes e assinou o pedido — e um cheque de 255 000 reais. “Comecei essa história atrás de uma Dodge Ram Laramie. Mas, depois que assisti a uns vídeos da Raptor na internet, mudei de ideia”, diz o empresário, que preferiu sigilo sobre seu nome. Em dois meses, a picape da Ford estava na sua garagem.

Nos Estados Unidos, há duas opções de motor V8 para a Raptor, 5.4 e 6.2 — a que foi trazida é a topo de linha. São 411 cv de potência e 60 mkgf de torque para fazer decolar o cargueiro de 2724 kg. Exigido a fundo, o V8 com bloco de ferro e cabeçote de alumínio trabalha em sintonia perfeita com um câmbio automático de seis marchas – ficou faltando a opção de trocas sequenciais. Apesar do peso, a Raptor tem um bote letal, com uma aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 8,5 segundos. Embalada, precisa de menos da metade desse tempo (3,9 segundos) para retomar de 40 a 80 km/h. Na hora de parar, a fera é mais que domável. É dócil, sem desvio de trajetória ou efeito submarino da dianteira: mesmo vindo a velocidades elevadas, o controle é total e sem sustos. Em nossa pista, em Limeira, estancou em espaços menores que os registrados pela maioria dos populares já testados, que não têm ABS, mas raramente pesam mais que 1 tonelada.

Com emoção ou sem emoção? Mas o que mais empolga na F-150 Raptor é como ela faz, não o quanto ela faz. O trabalho da suspensão é espetacular. No asfalto, mostrou um compromisso perfeito de performance sob tocada esportiva e conforto sob condução normal. Surpreendeu também na terra e na pista de piso irregular da TRW, onde se mostrou sempre facilmente controlável e valente. A SVT não agiu sozinha ao preparar a F-150. Chamou, por exemplo, a fabricante de amortecedores de competição Fox. Feliz ideia. O componente é especial, com três válvulas internas que controlam a passagem do óleo em função da utilização da picape: fluxo mais livre para maior maciez e mais restrito para um comportamento mais travado. Não é só. Os amortecedores Fox têm ainda reservatórios suplementares para garantir um arrefecimento adequado do fluido, assegurando um trabalho linear mesmo sob uso severo.

Aliás, como é difícil não andar constantemente acelerando fundo, tendo nas mãos um conjunto tão bem acertado e cheio de fôlego. Mas era necessário. As provas de consumo de combustível, por exemplo, são realizadas com uma condução normal, sem acelerações bruscas ou lentidão exagerada. Na simulação de tráfego urbano e rodoviário, a Raptor pagou o preço do corpo pesado, apontando, respectivamente, um consumo de gasolina de 5 e 6,7 km/l. Antes do teste, pausa para um longo pit-stop de abastecimento: vazio, o tanque de combustível engoliu quase que os seus 98 litros de capacidade, gerando uma conta de assustadores 250 reais.

Há sinais do tratamento SVT também na cabine. O volante, por exemplo, tem uma marcação no centro do arco superior, como nos carros de competição, para dar uma referência visual rápida ao piloto do quanto a direção está esterçada. A assinatura da divisão de preparação da Ford também aparece no quadro de instrumentos prateado e na moldura das quatro chaves elétricas para equipamentos auxiliares no console. Itens como o teto solar elétrico (que a Ford americana chama de teto lunar) e o conjunto de som com tela de cristal líquido são vendidos como opcionais, assim como a pintura laranja metálica e os adesivos da caçamba.

Mais que um modelo com possibilidade de vir oficialmente para o Brasil, a F-150 Raptor SVT deve ser encarada como uma máquina de fazer adulto sorrir, uma espécie de brinquedo grande, para gente grande, de bolso grande.

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