domingo, 20 de março de 2011

C3 automático x Polo iMotion

Armado com câmbio automatizado, o Polo Sportline chama o C3 Exclusive para o duelo

C3 automático x Polo iMotion
Em 2009 o Polo se transformou num verdadeiro laboratório sobre rodas da Volkswagen. Primeiramente nasceu o ecologicamente preocupado BlueMotion e, logo em seguida, veio o E-Flex, primeiro carro flexível sem o tanquinho de gasolina — em nossos testes, porém, mostrou-se uma fria. Agora outra novidade invade o Polo. Trata-se do ASG, um sistema automatizado de acionamento sincronizado da embreagem e do câmbio similar ao utilizado na Fiat (Dualogic, que recentemente passou a ser opção em mais modelos)  e na Chevrolet (Easytronic). Para dar as boas-vindas ao Polo, convocamos o C3 e o 207, ambos com motor 1.6 16V e câmbio automático. Alegando não ter o veículo disponível para testes, a Peugeot disse que ficaria fora da briga. Ainda insistimos, garimpando o carro em algumas concessionárias de São Paulo. “Só se for o sedã”, respondiam os vendedores. Este a fábrica também tem. Obrigado, mas não serve. Uma vez que o 207 hatch automático não dá as caras nas concessionárias nem na sede da marca, partimos para o comparativo com aqueles que existem, de fato, no mercado.

O sistema ASG é oferecido como opcional, sob o nome iMotion, desde o mês de agosto, nas versões de entrada (1.6) e nas mais completas (hatch Sportline e sedã Comfortline). Na época de seu lançamento, custava 2 450 reais, bem mais em conta do que os 4 570 reais que a Citroën pedia pela caixa automática BVA em seu C3.

Em tese, o câmbio automático ganha do automatizado em suavidade de funcionamento. Mas no caso de nossos dois combatentes a história é diferente. A BVA é uma caixa de surpresas. Reage de maneiras diferentes em situações iguais. Ao acelerar após uma lombada, o compacto ganha velocidade sem vacilar. Dê uma volta no quarteirão e repita a transposição do mesmo obstáculo. Ele vacila sem ganhar velocidade. Outro incômodo que denuncia a idade avançada da BVA é o tranco na desaceleração, quando a primeira é engatada ainda com o carro cessando o movimento. No mais o sistema não encontra dificuldades para explorar os 113/110 cv do motor 1.6 16V. Criado pela Magneti Marelli e calibrado pela Volkswagen, o ASG é uma espécie de segunda geração dos Dualogic e Easytronic de Stilo e Meriva Quem já dirigiu um desses dois carros, com seus solavancos e ruídos de funcionamento, sabe o quanto os sistemas automatizados precisavam melhorar para fazer frente aos automáticos. E, à medida que ganham espaço, eles estão, de fato, evoluindo.

O Polo iMotion mostrou-se extremamente amigável, mesmo com o câmbio em Drive. É fácil sentir quando a marcha será avançada, dando tempo para uma leve tiradinha de pé do acelerador, tal e qual fazemos ao dirigir um carro com câmbio manual. Esse movimento é suficiente para eliminar o efeito gangorra verificado quando se dirige um automatizado com o pé no acelerador mesmo durante as trocas. Em todo caso, se você não pretende se adequar ao carro, a central eletrônica do motor “anula” parte do giro excessivo na transição das marchas. “Isso é possível graças ao trabalho conjunto das centrais eletrônicas do câmbio e do motor”, diz João Alvarez, gerente de engenharia da Volkswagen. A unidade de controle do motor, antes fornecida pela Bosch, foi substituída por uma da Magneti Marelli, com maior capacidade de processamento, uma vez que passou a trabalhar em conjunto com a unidade controladora do câmbio e mais uma porção de outros sensores. Resumidamente, a caixa MQ 200 com ASG se mostrou mais competente do que a BVA.

Mas a brincadeira no Polo iMotion só fica completa com o volante multifuncional vendido como opcional, por 470 reais. Além de comandar rádio, telefonia celular e computador de bordo, oferece um par de borboletas para o motorista efetuar as trocas de marcha sem tirar as mãos da direção — no rival, o modo sequencial exige toques na alavanca. Herdado do Passat CC, a peça reforça o ar de requinte que a cabine do Polo sempre teve. Esse preço é uma pechincha no caso do Polo Sedan Comfortline, que já traz o rádio (Double Din, com Bluetooth) de série. No Hatch Sportline só é possível adquirir o volante se levar também o rádio (por outros 1 185 reais).

Despesas extras A lista de equipamentos revela algumas curiosidades. Na tabela de agosto de 2009, o Polo Sportline iMotion saia por 50 310 reais, contra os 49 310 reais do C3 Exclusive Automatique. O VW traz na porta do motorista o comando das quatro janelas, enquanto no francês é preciso deslocar o corpo para alcançar as teclas frontais no console e torcer o braço para trás para mexer nas traseiras. Estas são as mesmas utilizadas por quem viaja atrás — no Polo os botões estão onde deveriam, junto ao puxador da porta. Rodas de liga leve e sensor de estacionamento o VW traz de série — no francês acrescentam 2 480 reais à conta, 1 240 reais cada item. Daí para a frente o C3 dá um banho. Tem ABS, airbag duplo, retrovisores elétricos, ar digital e sensores de chuva e crepuscular. Colocar tudo isso no Polo é possível, mas a conta salta para salgados 55 840 reais.

Na pista o Polo provou que os dois anos investidos em desenvolvimento e calibração do sistema de automatização valeram a pena. Seu casamento com a caixa MQ200 está bem acertado e não exigiu mudanças radicais. Basicamente, uma sutil redução na relação da segunda, terceira e quarta marchas — a da primeira, quinta e diferencial permaneceram inalteradas. A agora robotizada MQ 200 conseguiu extrair todo o potencial do 1.6 8V de 104/101 cv. O Polo foi melhor em aceleração, retomada, frenagem e consumo. E fez tudo isso de maneira quase tão agradável quanto se tivesse um câmbio automático convencional. Um teste realizado com um Polo Sedan Comfortline manual, em janeiro de 2009, aponta para números muito semelhantes, o que confirma o bom trabalho do sistema ASG.

Pior na pista e superior nos equipamentos, o C3 automático empatou com o Polo iMotion na média, com quatro estrelas cada um — veja as notas parciais nas laterais das páginas. Na contagem geral, o Volkswagen terminou com apenas meia estrela a mais, 24,5 contra 24. O duelo equilibrado comprova que os dois possuem boas armas: automática no C3 e automatizada no Polo.



AUTOS & AUTOS

A diferença entre câmbio automático e automatizado está na concepção. O primeiro é mecanicamente mais complexo, não tem embreagem e a transferência de força do motor para a roda de tração é feita por um conversor de torque. Sistemas automatizados, por sua vez, são mecanicamente simples, mas muito complexos na eletrônica. É como se o carro emprestasse ao motorista um pé para pisar na embreagem e uma mão para trocar as marchas. Esses “membros extras” são atuadores eletro-hidráulicos comandados por diversos sensores que percebem a necessidade de uma marcha superior ou inferior.




C3

R$ 49310


DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO A direção elétrica do C3 é suave nas manobras. A suspensão de curso longo deixa a carroceria inclinar nas curvas e o freio é muito sensível: se pisa leve, nada acontece. Com um pouco mais de pressão, ancora de vez.
★★★

MOTOR E CÂMBIO O câmbio obsoleto inconstante não transmite confiança e joga contra o C3.
★★★

CARROCERIA Desde que foi lançado aqui, em 2003, o C3 é praticamente o mesmo. Ainda assim é atual e feito com materiais de boa qualidade.
★★★★

VIDA A BORDO O revestimento aveludado dos bancos incomoda de tanto que adere ao tecido das roupas, dificultando os movimentos.
★★★★

SEGURANÇA Aqui ele bate o Polo com facilidade e ensina que topo-de-linha que se preza tem ABS e airbag duplo de série.
★★★★

SEU BOLSO
Equiparado em acessórios com o Polo, o C3 tem vantagem no preço. Pisa na bola ao oferecer apenas a cor branca como opção de pintura sólida — no Polo há também as cores vermelha, preta e cinza. A Citroën cobra 700 reais pela pintura metálica.
★★★★



Polo

R$ 50310


DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção é um pouco pesada em manobras. Freio e suspensão, por sua vez, funcionam, de modo exemplar.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
Não deixe de comprar o volante do Passat CC. Com borboletas para troca de marchas, permite usufruir com muito mais prazer a vitalidade do bom conjunto motor/câmbio.
★★★★

CARROCERIA
O Polo é referência em qualidade e precisão de montagem interna e externa. Todo Sportline tem forração escura e piscas nos retrovisores, inclusive o iMotion.
★★★★

VIDA A BORDO
Ter porta-objetos com tapetinhos de borracha demonstra atenção nos detalhes. Pelo que cobra, o Sportline deveria ter ar digital, sistema de som completo e retrovisores elétricos. O Polo Sedan Comfortline tem.
★★★★

SEGURANÇA O papelão só não é maior porque há um pacote com ABS e airbag duplo por um preço justo, 2 790 reais. Vale cada centavo pago.
★★★

SEU BOLSO O Polo sempre foi um carro caro e por isso nunca decolou em vendas. Só compra um quem liga mais para o bem-estar no dia-a-dia do que com o vizinho que vai achar que é um Gol G4 equipado.
★★★★



VEREDICTO

Igualados em equipamentos de segurança, visual e conforto, C3 e Polo saem por 51 790 e 55 840 reais, respectivamente. A diferença de comportamento, os números obtidos na pista e, acima de tudo, o prazer de dirigir típico de categorias superiores justificam o preço 4 050 reais mais alto do hatch da Volkswagen.

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