Terno e gravata ou macacão e capacete. Tanto faz. Seja qual for a escolha da roupa, você será bem recebido pelo BMW M5, um sedã que nasceu para agradar o executivo e – por que não? – o filho dele. O sedã é oferecido no Brasil por exatos R$ 558.950 e traz debaixo da roupagem de carro família um coração de dar inveja a muito italiano acostumado a fazer superesportivos. Isso porque o bólido alemão ostenta um nada discreto V8 biturbo que rende 560 cv de potência – apenas 10 cv a menos do que a Ferrari 458 Italia. O torque é de 69,3 kgfm. E nessa quem leva a melhor são os alemães: 14,3 kgfm a mais que os 55 kgfm da Ferrari. Cazzo!
Mas os números não são nada sem a comprovação de outros números, os de pista. E foi para lá que nós levamos o M5, de onde o sedã alemão saiu consagrado como o carro mais rápido já testado por Autoesporte ao longo dos 48 anos de história da publicação. O sedã acelerou de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos, superando o recorde que antes pertencia também a um alemão, o Audi R8 V10, que registrou 4,3 segundos. Os números de retomada também impressionam, pois o M5 vai de 40 a 80 km/h em míseros 2,3 segundos, e leva exatamente um décimo a mais para ir dos 60 aos 100 km/h. Um desempenho jamais visto em um sedã vendido no Brasil. O V8 biturbo rende sua potência máxima a 6.000 rpm, enquanto o torque (69,3 kgfm) já está disponível em grande parte aos 1.500 rpm. Alô, Ferrari, que tal nos mandar uma 458 para tirarmos a prova de quem leva a melhor?
O condutor pode montar seu modo preferido de guiar, ou por que não dois modos diferentes: um totalmente esportivo e outro voltado para o conforto. Isso porque o BMW oferece dois setups de ajuste – M1 e M2. Serve para deixar o M5 nervoso ou ensandecido. Existe até um controle de largada, para fazer uma saída brutal com a M5. Nesse estágio, até o controle de estabilidade e tração é desligado, e torna o sedã um carro extremamente agressivo. Mas reserve esta apenas para autódromos e pista fechadas, okay? O sedã traz ainda uma moderna transmissão automatizada de sete velocidades, dotada de dupla embreagem. Ela é capaz de engrenar mudanças de marcha em milésimos de segundos, o que garante uma patada a cada troca de marchas a bordo do sedã. De acordo com a BMW, o câmbio também melhora o consumo de combustível em 30% em relação à antecessora, claro que com a ajuda do sistema inteligente start-stop, que desliga o motor quando o carro está parado.
O que impede talvez a completa sensação de se estar em um esportivo de verdade são as proporções do M5 que não deixou de ser um Série 5. Embora dê patadas a cada acelerada, ele ainda é um sedã de grande porte, com seus 4,91 m de comprimento e 1,89 m de largura. É muita potência a bordo de um sedã e, nesse caso, a nota maior vai para os italianos, que colocaram (praticamente) a mesma potência em um carro que nasceu – e foi estruturado – para correr e ser um esportivo. Sabemos que a proposta do M5 não é essa, mas isso o torna excêntrico demais a ponto de nos fazer refletir: para quem foi feito este carro? Pra quem precisa do espaço de um sedã de segunda a sexta, mas não quer abrir mão da potência da Ferrari que usa aos finais de semana.
BMW M5 4.4 V8 32V
Potência 560 cv a 6.000 rpm
Torque 69,4 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio Automatizado, seis velocidades
TESTE AUTOESPORTE
Aceleração 0 a 100 km/h 4,2 segundos
0 a 400 m 12,2 s
Velocidade a 400 m 193,2 km/h
Retomada 40-80 km/h 2,3 s
Retomada 80-120 km/h 3,2 s
Frenangem 100-0 km/h 37,7 metros
Frenagem 60-0 km/h 14,0 m